Por Marcelo Barbosa, Kadu Machado e Daniel Samam
O resultado da reunião do diretório nacional do PMDB
sanciona a adesão do centro conservador ao golpe em curso no país. A esquerda
está sozinha, mas não está isolada: 2016 não será 1964.
Isso porquê, na vigência da constituição de 1988, o peso
dos setores populares experimentou um crescimento sem paralelo: os partidos de
esquerda aumentaram suas bancadas, os sindicatos cresceram em influência e os
movimentos sociais arregimentaram levas de excluídos, no campo e cidades. No
plano da cultura, coletivos formados por jovens arejaram o panorama da produção
das artes.
Trata-se uma força política capaz de mobilizar multidões e
impossível de ser ignorada. Unida, essa esquerda poderá realizar uma façanha
inédita na vida pública brasileira: derrotar o golpismo e sustentar a
democracia. Fragmentada, sem entender que não se trata de apoiar o
governo de Dilma (passível de muitas críticas), mas sim de dar sustentação à
legalidade, a esquerda vira linha auxiliar da direita.
A ruptura institucional, ao contrário da percepção de alguns,
não adotará a identidade de uma ditadura. Irá se apresentar sob a máscara de uma
de uma democracia de fachada. Sob a aparência de Estado de direito, os direitos
e garantias individuais sofrerão cancelamento.
Que ninguém se engane, a vitória da aliança entre Temer,
Cunha e Serra – em torno das teses do programa Ponte para o Futuro – significará, necessariamente: o fim da
política de valorização do salário mínimo, a intervenção nas entidades
sindicais mais combativas, a criminalização dos movimentos sociais, o retorno
do financiamento privado de campanhas eleitorais, o ataque aos direitos
trabalhistas e o aumento da desnacionalização da economia, entre outras medidas
de exceção.
Diante da escalada do arbítrio não existe neutralidade.
Apoiar propostas diversionistas como o chamado recall ou ainda a convocação de eleições gerais é simplesmente se
omitir – como fazem setores da Rede e do PSOL – ajudando a consolidar o
bombardeio de saturação das grandes mídias monopolistas sobre a opinião pública.
É necessário engajar todo o povo nos processos de
resistência ao golpe mas, principalmente, a representação das favelas e
periferias na defesa do regime que mais convém à luta de classes nos marcos do
capitalismo: o da democracia política.
Não vai ter golpe!
Todos à manifestação do dia 31/3!
Marcelo Barbosa é advogado e
diretor-coordenador do Instituto Casa Grande (ICG)
Kadu Machado é jornalista, editor
do jornal Algo a Dizer
Daniel Samam é músico, educador e
coordenador do Núcleo Celso Furtado do PT-RJ
Dois bandidos golpistas
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