16 de abril de 2015

Quanto mais “rua” melhor

Por Marcelo Barbosa

O fracasso – em termos – dos protestos dos setores da chamada direita, no último dia 12 de abril, pôs fim a uma conjuntura singular na recente história do Brasil.

Pode-se aprender muito com o episódio.

Durante cerca de 100 dias, o centro político foi seqüestrado, com eficiência, pela pregação dos contingentes mais reacionários (quando não abertamente fascistas) do pensamento social. Uma franja ideológica em crescimento qualitativo e quantitativo que se encontrava em hibernação desde o pré-64.

O resultado dessa ofensiva?

A formação de uma vaga autoritária a percorrer, quase por igual, todos os níveis da sociedade brasileira, inclusive o Congresso.

Ainda em plena vigência, o processo de contágio obscurantista perdeu, no entanto, impulso. De fato, a presidenta Dilma, pelo visto, agiu bem nas últimas duas semanas: “mexeu” corretamente no ministério, voltou a disputar o PMDB com a bête noire da República, Eduardo Cunha. Por fim, abriu-se ao diálogo com os movimentos sociais e o sindicalismo que, em boa hora, retornaram às ruas (ainda que de forma insuficiente).

Duas lições pairam no ar.

A primeira, para o Governo: é impossível continuar patrocinando medidas antagônicas aos interesses de sua base social, a exemplo do ajuste fiscal proposto nos termos do ministro Levy.

A outra para nós, engajados na parcela que apóia – de forma evidentemente crítica – a atual ordem: só a esquerda, sozinha, sem o aporte do centro político, não tem como sustentar esses governos cujo ciclo iniciou-se com a posse do operário de São Bernardo, em janeiro de 2003.

Marcelo Barbosa é doutor em Literatura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande (ICG)

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