23 de abril de 2015

E o mundo não acabou


Como toda a opinião pública progressista, assisti consternado, ontem (22/4), a votação do PL 4330.

Mas creio que a nossa consternação não deve ceder lugar à paralisia. O triste episódio de ontem indica um enredo longe de conclusão. Ainda é possível barrar a regressão social proporcionada pelas propostas de tornar precárias as relações de trabalho. O relativamente apertado placar da votação na câmara – 230 a 202 – indica isso.

Contudo, uma vitória dos setores comprometidos com a democracia e a justiça social exige o aumento da mobilização. E, nesse sentido, principalmente o sindicalismo e os movimentos sociais podem fazer muito mais do que têm feito.
É de se entender as dificuldades de arregimentação das entidades representativas e dos coletivos da cidadania à esquerda: nosso governo, como querem os seus críticos, jogou na “despolitização da sociedade”.

Mesmo assim, não parece a hora de travar esse necessário debate.

Vivemos o aceso de uma luta decisiva. O senado já manifestou sua intenção de rejeitar a terceirização. Só peso do povo na rua poderá equilibrar a chantagem dos setores empresariais que irá se abater sobre àquela casa legislativa.

Isto é, um novo ciclo de manifestações, a começar por um primeiro de maio unitário e cheio de gente, desponta na ordem do dia.

Cabe a nós, emular a ética do personagem desse dia 23 de abril e guerrear até a vitória!

 

16 de abril de 2015

Quanto mais “rua” melhor

Por Marcelo Barbosa

O fracasso – em termos – dos protestos dos setores da chamada direita, no último dia 12 de abril, pôs fim a uma conjuntura singular na recente história do Brasil.

Pode-se aprender muito com o episódio.

Durante cerca de 100 dias, o centro político foi seqüestrado, com eficiência, pela pregação dos contingentes mais reacionários (quando não abertamente fascistas) do pensamento social. Uma franja ideológica em crescimento qualitativo e quantitativo que se encontrava em hibernação desde o pré-64.

O resultado dessa ofensiva?

A formação de uma vaga autoritária a percorrer, quase por igual, todos os níveis da sociedade brasileira, inclusive o Congresso.

Ainda em plena vigência, o processo de contágio obscurantista perdeu, no entanto, impulso. De fato, a presidenta Dilma, pelo visto, agiu bem nas últimas duas semanas: “mexeu” corretamente no ministério, voltou a disputar o PMDB com a bête noire da República, Eduardo Cunha. Por fim, abriu-se ao diálogo com os movimentos sociais e o sindicalismo que, em boa hora, retornaram às ruas (ainda que de forma insuficiente).

Duas lições pairam no ar.

A primeira, para o Governo: é impossível continuar patrocinando medidas antagônicas aos interesses de sua base social, a exemplo do ajuste fiscal proposto nos termos do ministro Levy.

A outra para nós, engajados na parcela que apóia – de forma evidentemente crítica – a atual ordem: só a esquerda, sozinha, sem o aporte do centro político, não tem como sustentar esses governos cujo ciclo iniciou-se com a posse do operário de São Bernardo, em janeiro de 2003.

Marcelo Barbosa é doutor em Literatura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande (ICG)

2 de abril de 2015

No ar, a edição de MARÇO do jornal Algo a Dizer

Já está no ar a edição de MARÇO do jornal de Cultura e Política Algo a Dizer com o seguinte conteúdo:

✭ As manifestações do dia 15 de março em todo o Brasil, com sua pauta golpista, inspiraram três artigos:


1- Marcelo Barbosa aponta em seu texto, A segunda onda, que a hegemonia e a direção dessas mobilizações eram de natureza fascista;

2- Avança no mesmo sentido o artigo de Maria Luiza Franco Busse, Ponto final é o fascismo;

3- O título do artigo do desembargador aposentado do TJ-RJ, Luiz Felipe da Silva Haddad, A melhor resposta é o aprofundamento da democracia, sinaliza sua avaliação e indica sua resposta à gravidade do momento;

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4- A crítica de Marta Bonimond ao filme dos irmãos Dardenne Dois dias, uma noite;

5- O humor em forma de poesia Alcoolirismo (ensaio sobre a bebedeira), de Jorge Nagao;

6- No “Cotidiano”, de Maria Balé, o belo Olhos de caatinga;

7- A crônica de Adilson Luiz Gonçalves fala de sua experiência ao participar do C40 Cities Climate Leadership Group;

8- Afonso Guerra-Baião e sua crônica Especulando com espelhos, uma sutil crítica à mídia comercial;

9- A dura e pungente crônica de Alexandre Brandão, Dois rapazes, denuncia a intolerância homofóbica, o racismo e a igualdade de gênero enviesada;

10- Contando ninguém acredita, crônica de Cinthya Nunes que fala de supresa, de descobertas e esperança, força motriz da humanidade;

11- Trovinha miúda, saborosa crônica de Sérgio Antunes;

12- Deixa pra lá… e a crônica de Valéria Lopes É pra lá que eu vou;

13- De rerum natura, poema de Adriane Garcia, reverência ao teólogo dominicano Giordano Bruno morto na fogueira pela inquisição;

14-Antonio Barreto e seu poema em homenagem aos 100 anos do Dantas Motta, o Zúrzia;

15- Encontro, singelo soneto de Luca Barbabianca;

16- Leonel Prata e seu “miniconto infantil” O dia em que varreram a areia da praia;

17- O conto Impulso, de Vivian Pizzinga;

18- Ensaio de Leandro Konder (1936-2014), filósofo marxista brasileiro falecido no final do ano passado, Ainda tem sentido, atualmente, defender a concepção do comunismo de Marx?, do livro O marxismo na batalha das ideias (editora Expressão Popular).



Um abraço e boa leitura

Kadu Machado

(21) 99212-3103