30 de setembro de 2012

Gaivota (soneto)

Por Luca Barbabianca

O carroção do tempo arrasta os remos
dos barcos esquecidos nas marinas,
onde o sol brilha em bocas clandestinas
lembranças que gozamos e sofremos.

O barco despojado dos extremos,
entre casco e areias purpurinas,
traz um resto de rede em malhas finas
que evocam os futuros que perdemos.

No horizonte tecido de vazio,
com os olhos opacos dos enfermos
e o desejo enredado no amavio,

vou ser esta contradição em termos:
sobre as estrofes, caudaloso rio,
e a magra gaivota nos céus ermos.

Luca Barbabianca é poeta e cronista. Seu blog é o lucabarbabianca.zip.net e sua verve pode também ser apreciada, sem moderação, no recantodasletras.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário